sábado, 21 de junho de 2008

sapato


Um pé do meu sapato,


Há muito não me cabe mais


e o outro, revoltado,


resolveu andar pra trás...

Meu coracao




Meu coração la de longe,

faz sinal que quer voltar

foi buscar não sei bem onde

sarna a toa pra se cocar


Cansei de ser bonzinho,

deixar o dito pelo não dito,

no meu peito trago escrito

já não tem vaga nem lugar!

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Asas a pedra...

Num repente me escapou! Falei e falei mesmo! Soltei com tanta coragem, tanta bravura numa deliciosa ma intenção que ela saiu zunindo, pronta pra causar estrago!

Elas vieram na hora certa, no momento exato em que precisava delas... Uma atrás da outra, palavra por palavra e la estava aquela frase prontinha pra sair voando pelo ar que nem pedra de atiradeira! Nem pensei muito, nem me dei muito ao trabalho de considerar se valia a pena ou não! Claro que valia! Sempre achei ruim isso de não falar as coisas na hora certa e na manha seguinte, longe do alvo, longe da oportunidade, lembrar daquela palavrinha ideal, certinha pra falar! Sempre tarde demais...

Dessa vez era diferente! La estava eu, frente a frente com ela, num daqueles embates de vontades cansadas no fim do dia, que se eu parasse pra pensar, nem deveria ter começado... Mas la estava eu, com a frase pronta, mirada bem pra cara dela, alvo travado, borracha esticadinha e pronta pra disparar.

Nem me lembro bem o que era, sobre o que versava toda a dureza que tinham minhas palavras. Não importava, estoquei pra minha defesa pra usar quando precisasse. De certo era algumas dessas coisas que a gente gosta de jogar na cara das pessoas que a gente gosta quando a gente não gosta do que elas fazem. Qualquer uma dessas lembranças perdoadas, mas que sempre são tão convenientes trazer de volta, resgatar do arsenal pra prejudicar, enlamear com o passado a guerra do presente...

Preparei, apontei, mirei a danada da frase bem na cara dela e soltei........... Era chumbo grosso! Coisa pra destruir mesmo... Imaginei granadas, pólvora, materiais combustíveis e a famigerada rosa de Hiroshima...Mas essa foi de estilingada mesmo. Zummm.... La foi ela, a frase pedregosa. Atingiu em cheio, pow!!!

Corajoso e radiante por ter tido peito de falar o que queria na hora que devia, quase sorri. Segurei. Sentia um exultante poder por julgar ter acertado o alvo em cheio!

De repente, tudo se fecha num silencio. Esperava chumbo grosso de volta. fiquei inerte, por alguns segundos e o silencio cada vez maior... Foi quando, olhando pra mim, uma lagriminha começa a aparecer no olho dela bem devagar. O silencio cada vez pior. Ela arregalou os olhos, chorou e não falou mais nada. Atingida, machucada, esboçou um sorrisinho sem graça, sem acao. Um olhar que não entendia o porque de uma pedra jogada com tanta forca...

Nunca mais esqueço aquele momento. Tenho saudade do tempo em que apenas pensava nas respostas na manha seguinte... Tenho saudade do tempo em que não dava asas a pedras...

segunda-feira, 9 de junho de 2008

...






















De tempos em tempo, tiramos os pes do chao pra descansar...

De tempos em tempos, sem muita pressa... Mesmo que o tempo seja pouco...