sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Miopia










Qual o grau de miopia


nossa vida precisaria


pra enxergar o lado bom?










Talvez haja um colirio


que nos traga algum alivio


pra esses dias que virão









Qual o grau de fantasia


necessário pra esse dia


não sair fora do tom?





terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Livros do Bolano











Alguns Livros do Bolano que recomendo. Esses já lançados no Brasil.

¡Un hígado para Bolaño!


Um dos escritores que mais tem feito minha cabeca ultimamente. Esse chileno que tem uma trajetoria de vida digna de filme...

Alguns o vêem como o sucessor de Borges e Cortázar, outros como um autor intranscendente e chato, porém, indiferente a quaisquer avaliações, segue engrossando o culto a Roberto Bolaño na América de língua espanhola.

Ícone chileno, mexicano, argentino e espanhol, ele tem multiplicado seus leitores de forma permanente e os que o lêem parecem ser tomados pelo vírus de tal forma que passam logo ao estado de fãs e seguidores. Para nós, brasileiros, é estranho que um autor de altíssima qualidade seja incensado pelo grande público; afinal, estamos sobre uma onda de ignorância tão grande em nosso país que é desconfortável saber que os grafiteiros destes países costumam escrever nos muros das cidades: “¡Un hígado para Bolaño!”. Aqui, Paulo Coelho, Marcelino Freire e Bruna Surfistinha; logo ali, atravessando as fronteiras, Roberto Bolaño.

Além da América espanhola, ele está sendo traduzido com sucesso para a Europa e Estados Unidos. Busca-se mais contos, romances e poemas do autor cujas cinzas foram jogadas por sua mulher e filhas no Mediterrâneo em 2003.

Bolaño era chileno, mas se reconhecia como “autor latino-americano”. É compreensível: teve vida breve, nasceu em 1953, viveu largas temporadas no México e na Espanha - o golpe de Pinochet, por exemplo, aconteceu quando morava com sua família no México - e sua morte ocorreu em Barcelona.

Talento, coragem, idealismo e loucura, características tão raras na era do politicamente correto e do incontroverso, são absolutamente necessárias à arte.

Sua morte prematura aos 50 anos - enquanto esperava um fígado para transplante - foi o último ato para a formação de um mito para o qual Bolaño contribuiu de forma direta. Morreu em 14 de julho de 2003 no hospital Valle de Hebrón. Passou 10 dias em coma por complicações hepáticas enquanto esperava em vão. Deixou textos para publicação póstuma e outros inconclusos. Estava preocupado com o futuro de sua mulher e das filhas. Entre os papéis deixados havia os cinco grandes textos que deveriam – e formaram - o estupendo romance 2666, que gira em torno de um escritor desaparecido (Benno von Archimboldi) e onde há cenas que descrevem o horror dos feminicídios em Ciudad Juárez, onde as mulheres parecem ser caça.
Mas voltemos à biografia do autor.

Roberto Bolaño nasceu em Santiago do Chile em 1953. Com 13 anos, mudou-se com sua família para a Cidade do México. Ali, praticamente morava dentro da Biblioteca Pública. Permanecia tanto tempo lendo que, pasmem, não terminou a escola média nem entrou para a universidade - hoje existe a cátedra Roberto Bolaño na Universidade Diego Portales de Santiago... Em 1973, caiu Salvador Allende e Roberto retornou ao Chile de carona, com a intenção de unir-se à resistência contra a ditadura que se instalava. Foi preso. Salvou-se graças a um amigo, ex-colega de colégio, então já militar, que o reconheceu e conseguiu liberá-lo. Ano depois, diria que não falava sobre política pois “os que detém o poder, ainda que por pouco tempo, não sabem nada de literatura”, afirmativa negada pela própria obra de Bolaño, em especial pelo brilhantíssimo, premiado e inteiramente político Noturno do Chile.

Em seu regresso ao México, juntamente com o poeta Mario Santiago Papasquiaro – a inspiração para a criação do personagem de Ulises Lima, do romance Os Detetives Selvagens – fundou o movimento poético infra-realista que se opôs ferozmente aos principais pilares da literatura mexicana, representada especialmente por Octavio Paz. Bolaño (Belano?) e Papasquiaro se destacaram por sua poesia cotidiana e dissonante.

“Poderíamos dizer que o infra-realismo o moldou como escritor e romancista, mas também o México teve importância nesta transformação. Ela amava o México noturno, o México das ruas e dos cafés, a fala cotidiana e seu indiscutível humor desencantado. Não é casual que seus dois maiores romances – Os Detetives Selvagens e 2666, sejam centrados no México”, escreveu o escritor Juan Villoro.

Anos depois emigrou para a Espanha, onde já vivia sua mãe. Colheu uvas em alguns verões, trabalhou como vigilante noturno em Castelldefels, foi balconista de armazém, lavador de pratos, faxineiro de hotel, estivador, lixeiro e recepcionista até tornar-se escritor em tempo integral.

Como todo apaixonado por literatura, também foi um hábil ladrão de livros, quando não tinha dinheiro para pagar por eles.

E então, após sua morte, os livros de Bolaño começaram a vender cada vez mais. Há vários blogs literários de língua espanhola que dedicam parte ou sua totalidade a homenagear e discutir sua obra, Os Detetives Selvagens e Estrella Distante são os preferidos dos cyber-leitores. Muitos deles traçam linhas de continuidade e conexões entre Os Detetives e O Jogo da Amarelinha ou Adán Buenosayres de Leopoldo Marechal.

Os fóruns falam não apenas das qualidades literárias de Bolaño, mas de suas obsessões como a eterna busca de personagens perdidas, amores e cidades.

Santificado hoje e diabólico ontem, Bolaño se comprazia em fustigar seus inimigos literários. Ele os depreciava de frente, não obedecendo aos habituais salamaleques. Sobre Isabel Allende disparou: “Digo calmamente que Allende é má escritora. Para qualificá-la como escritora, uso de certa indulgência, pois nem isso ela é”. Isabel respondeu: “Dei uma olhada a dois de seus livros e eles me entediaram profundamente”. Até aí, tudo normal. A novidade é que, quando Bolaño morreu, a decadente Allende seguiu firme: “Não o lamento. É uma pessoa que nunca disse nada de bom a respeito de alguém. O fato de estar morto não o faz melhor. Era um senhor bem desagradável”.

“Skármeta é um personagem televisivo. Sou incapaz de ler qualquer um de seus livros. Sua prosa me vira o estômago”, torpedeou Bolaño. O colombiano Fernando Vallejo respondeu pelo colega afirmando que a prosa de Bolaño é demasiadamente simples, plana, elementar, do tipo “Eu, Tarzan; tu, Jane”.

Bolaño teve problemas também com Diamela Eltit. Eu os acho cômicos... Ela o convidou para um jantar em sua casa. OK. Só que depois, ele publicou uma impiedosa crítica a um livro de sua anfitriã aproveitando para fazer referências à péssima gastronomia consumida na casa da autora. “Este é um tema sobre que prefiro não tocar. O que se passou foi algo absurdo e hipertrofiado. Bolaño morreu e eu prefiro não dizer nada a respeito”.

Javier Cercas, autor de Soldados de Salamina, romance onde Bolaño é personagem, sustenta que há dois tipos de lendas em torno de Bolaño. Uma que foi construída pelos leitores e fãs e outra criada pelo próprio autor, voluntária e involuntariamente. Diz Cercas que ambas não se ajustam à realidade, mas que a de Bolaño é, em certo sentido, “mais real que a realidade” e que a outra é uma quase mentira ou uma mentira com elementos de verdade. O escritor espanhol enumera fatos em favor de uma construção mítica em torno de seu amigo: morreu jovem; morreu no melhor momento de sua carreira; morreu dentro da propensão que os meios literários possuem de falar bem dos mortos (com fartas cotas de hipocrisia - exceto Allende, claro). “A história da literatura está cheia de exemplos de canonização após uma morte prematura. Mas o que é assombroso é que o mesmo homem que escreveu A Pista de Gelo escreveria 3 anos depois Estrella Distante e seis anos depois Os Detetives Selvagens. É estupefaciente que, entre 1996 e 2003, ano de sua morte, ele tenha evoluído e escrito tanto!”.

Eu me pergunto se Bolaño sobreviverá a isto. Hoje, a única pergunta que cabe é se Bolaño é genial ou extraordinário. A última entrevista concedida por Bolaño foi para Mônica Maristain, da Playboy mexicana; ela perguntou: “O que você diz daqueles que pensam que Os Detetives Selvagens é o melhor romance mexicano?". Ele respondeu: "Dizem isto de pena. Me vêem decaído e desmaiando em praça pública e não lhes ocorre nada melhor do que uma mentira piedosa, que é o mais indicado nesses casos. Não é pecado fazer isso”.Graças a boa relação existente entre o editor Jorge Herralde (Anagrama) e a família de Bolaño, chegaram às livrarias em 2007 textos que formaram mais dois livros: El Secreto Del Mal e La Universidad Desconocida. Também chegaram dois livros de poemas: Los Perros Românticos e Três. Jorge Herralde foi amigo, editor e promotor da obra de Bolaño. E hoje é mais: é quem garante a subsistência de sua mulher e filhas, cuidando para que os direitos autorais cheguem a elas. Cumpre o que prometeu ao escritor antes de sua morte

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Minas Gerais


Coração perde o juízo

Fica sofrendo demais

Quando bate a saudade
De Minas Gerais

Eu amo Belo Horizonte, Contagem e Nova Lima

De Betim eu gosto tanto e também Diamantina

Araxá e Almenara, também amo Araguari

Bom Despacho e Barbacena, Juiz de Fora e Alfenas

São João Del Rey e Araçuai

Pouso Alegre e Congonhas terra que eu tenho raízes

Curvelo, Varginha, Passos, Lavras e também Perdizes

Patos de Minas garanto é terra de bons violeiros

Cidades muito afamadas Uberlândia e Uberaba

No Triângulo Mineiro


Coração perde o juízo
Fica sofrendo demais

Quando bate a saudade

De Minas Gerais


Ouro Preto tem histórias de um passado distante

O Serro, terra do queijo,Coromandel do diamante

Me desculpem as cidades que não falei nessas rimas

Meus queridos conterrâneos na verdade nós amamos

Todas as cidades de Minas


Montes Claros lá no norte, Janaúba e Pirapora

Monte Carmelo quem visita não tem vontade de ir embora

Quem ainda não conhece suas belezas naturais

nesse versos eu convido, pois todos serão bem-vindos

Ao chão de Minas Gerais.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

That's me in the corner...


R.E.M.











Tem bandas que envelhecem com a gente. Existem musicas que acompanham nossas vidas. E sempre temos identificacoes que permanecem no tempo...

Hoje em dia, tudo efemero, tudo rapido e passageiro, fica muito raro achar quem envelheca junto com o trabalho que faz, trazendo ainda dignidade e acima de tudo, chamando atencao pela novidade.

Pois nesse fim de semana ganhei um ingresso de minha dignissima senhora (que sempre acerta em saber as coisas que eu realmente quero e gosto) para um show do R.E.M. Uma das poucas bandas que acompanharam meu crescimento da adolescencia ate aqui, trazendo sempre algo que me interessasse.

La fui eu, envergando uma camiseta, ingresso e expectativas em punho.

Tudo comecou nos idos dos anos 80, num obscuro periodo pre youtube, downloads, internet e ate cd! Nao era facil arranjar novidades de fora. Nao era facil conhecer coisas novas na velocidade supersonica em que hoje a informacao se apresenta.

Pois um amigo, filho de pai rico, que sempre viajava pra fora, me trouxe uma fita gravada com algumas musicas. Entre elas estava Fall on Me e The One I love! Gostei de cara...

Depois veio a MTV, as musicas tinham cara, imagem... clipes! Veio contrato com a warner, divulgacao, disco Green, veio Losing my religion, com aquele bandolim (?) no disco Out of Time aquela coisa diferente de tudo o que tinha na epoca, temperando minha tristeza por ter me mudado de cidade, vindo parar aqui no Rio. Veio o disco Automatic for the People em epocas de colegio, veio o disco Monster enquanto eu morava nos USA, na epoca de faculdade veio o disco New Adventures in Hi-fi, com aquelas pitadas de improvisacao,disco Up, disco Reveal com Imitation of life, uma musica que pra mim, tem a formula pop tao eficaz quanto losing my religion. Veio o show no Rock in Rio, o disco Around the Sun, que me traz lembrancas estranhas... Veio Accelerate e o show.

Um rapido flashback pra dizer que tudo isso levou anos pra acontecer. Que envelhecemos. Eu, a banda.

O show foi fabuloso! Sem firulas, sem preciosismo... "We`re R.E.M. and this is what we do" como sempre diz Michael Stipe ao vivo... Um desfile de musicas famosas, intercaladas com 5 musicas do disco novo. Teve direito a tudo, os hits (what`s the frequency kenneth, orange crush, everybody hurts, drive, losing my religion, man on the moon... ) e musicas nao tao conhecidas, mas igualmente memoraveis ao longo da carreira, Nightswimming, por exemplo.

Tudo muito bem feito, sem arranjos desnecessarios, sem exibicionismo. Puro, esmerado e caprichado...

Foram duas horas de lembrancas boas, cantei junto, comentei com minha fiel companheira de bom gosto musical que sempre me acompanha, lembrei do meu irmao que gosta deles tb... Enfim... Lavei a alma num programa de sabado a noite daqueles! Maravilha!

Santo...

De acordo com regras e normas da igreja Católica, pra se nomear um santo, se faz necessária a constatação e prova documentada de um milagre... O candidato a santo precisa que pessoas legislem em seu favor, atestando um milagre pra que o postulante seja então nomeado santo!

Discordo!

Discordo primeiramente por não acreditar em santos.

Logo em seguida discordo por achar que o que vale mesmo são os milagres do dia a dia.

Aquele que pode enxergar a beleza, o milagre e o sublime no turbilhão da rotina, no corre-corre, na velocidade do dia a dia, na pressa de estar sempre sem tempo e correndo atrás do atraso... Quem para, ajuda alguém, aprecia algo na natureza, sente o milagre do passar das horas, acha tempo para ouvir alguem... Esse sim merece esse titulo...

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Obama


Tenho medo do Obama. Tenho medo porque ele me seduz, me fascina e me encanta. Temo-o sobretudo porque ele me emociona. Obama fala com paixão, de improviso, com palavras que soam diferentes ao contemplarmos seus olhos e seu irresistível sorriso.

Por isso tudo tenho medo do Obama. Ele fala com o calor e eloquência com que falam ambos; Os grandes estadistas, heróis da humanidade e os grandes ditadores e malfeitores da historia. Fala com irresistível paixão e com a vitoria em seus olhos... Falar não pro Obama deve ser muito difícil!

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Terca...


Há dias que começam de um jeito estranho... Sustento minha tese fechando os olhos e abrindo de novo, tentando zerar o despertar esquisito... Sem sucesso. Vamos la, vamos encarar o dia, estranho ou não.


Afinal, de dias estranhos o mundo anda cheio. E o mundo, cada vez mais rápido, mais estranho e mais cheio mesmo. Cheio ate demais, por sinal.


Acordo com uma musica indiana tocando em alto e bom som; presente proporcionado por minha vizinha de cima. Fico em duvida se sou muito ocidentalizado, se a repetição interminavel de "oooommmmm" numa musica irrita mesmo ou se uma musica que se propõe a relaxar tocada no volume de trio eletrico se torna de fato uma tortura! Vai saber... Trocaria uma aula de Yoga por uma de boxe sem pestanejar. E isso ainda sonolento, semi-acordado.


Me proponho a observar pequenas coisas ao longo do dia. Pequenos milagres, pequenas bondades. Procuro noticias boas, não acho. Não desisto. Vou ao encalço de noticias engraçadas... Tudo sem graça. Me invento no gosto de ficar especulando ideias a toa. Lembranças boas servem bem. Enquanto preparo uma banana com aveia e mel elas surgem aos poucos, tímidas, uma por uma, lembrancinhas fornecidas de saudade e beleza. Começo a lembrar de coisas antes delas acontecerem. São vontades, expectativas e planos se embrenhando no pensamento.. A banana ta pronta. Aveia, huuummmm... Adoro! No irremediável extenso da vida, a aveia cumpre um importante papel.


Começo a comer lentamente, preenchendo ao máximo a folga do café da manha, meio sem coragem pra sair dali. Copinho de leite, pãozinho... canequinha de café pra fingir que desperto... Diminutivos em profusão. Café da manha tomado e a musica que minha vizinha me oferece no momento é francesa... Carla Bruni, a primeira dama da Franca, sussurrando a plenos pulmões no aparelho de som da minha vizinha... Sussurrando porque ela canta assim, e a plenos pulmões porque minha vizinha, bom, minha vizinha assim o quer!


Toda saudade e um tipo de velhice. Acabo de me sentir velho. Centenário. Minhas saudades vão desde o fim de semana que passei com minha namorada linda, ate eu pequeno, criança, viajando com meus pais de ferias. Sempre que a nostalgia me bate, me lembro de ferias. "Vagabundo!" penso...


Meus gostares vão se espalhando, subindo forte na lembrança, tomando tempo, forma e se misturando com minhas preguiças mal corrigidas... O tempo passa rápido de manha.


Tomei banho, estou vestido e me encontro com a mão na chave da porta. Vou sair pro dia. Oracaozinha pedindo protecao, suspirozinho metade alivio por me livrar da Carla Bruni, metade por... Sei la, muita coisa sentida falta nome.


Abro a porta, é outro dia e principia o peso da vida.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Poetas felizes

Poetas felizes são aqueles que amam sem dor.
que passam noites em claro,
sabendo o que esperar do amor...


sábado, 25 de outubro de 2008

Lego It Be... Abbey Road




sair...


Quando enfim, resolvi sair, acreditando em mim mesmo já era muito tarde. Devia te-lo feito quando acreditava muito mais nas coisas, quando ainda tinha a esperança de muita mudança.
Devia ter saido quando ainda estava aprendendo e não assim, sabedor que as pessoas são más, os amigos te esquecem e os valores se invertem de acordo com as ocasiões.

Devia ter saido sem aviso, sem muito esperar e sem nada saber... Seria uma surpresa maior, um aprendizado mais prático.

Quando sai, de fato, já sabia de quase tudo o que ia acontecer, tudo que ia sofrer e que ia perder.

Queria saber de coisas novas e não de coisas que induziam a achar que eu quase sabia de tudo, como se tudo já tivesse sido sem que eu soubesse.

Talvez minha melhor foto...


quinta-feira, 23 de outubro de 2008

sábado, 11 de outubro de 2008

Poema Dificil...


Houve tempo em que poesia era coisa sem complicação



abria-se a caixa de palavras, saiam ordenadas, uma a uma



palavras que insistiam em dar sentido aos anseios do coração



hoje, faz-se um esforço hercúleo e nao se chega a rima alguma





Quando aparecem, claudicantes, tímidas daquelas bem fuleiras,



são rimas que pouco dizem na corrida ao encontro dos sons



palavras sozinhas, esforçadas, largadas sem eira nem beira



vai longe o tempo em que se faziam poemas dos bons!

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Palavras...


O que importa mesmo
são as palavras...



O Resto
não passa de conversa...

Lembro...


Comecei a esquecer todos os rostos que conhecia...

...Mas claro, isso e uma maneira de dizer.


...Nada se esquece nesses dias de hoje.

sábado, 21 de junho de 2008

sapato


Um pé do meu sapato,


Há muito não me cabe mais


e o outro, revoltado,


resolveu andar pra trás...

Meu coracao




Meu coração la de longe,

faz sinal que quer voltar

foi buscar não sei bem onde

sarna a toa pra se cocar


Cansei de ser bonzinho,

deixar o dito pelo não dito,

no meu peito trago escrito

já não tem vaga nem lugar!

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Asas a pedra...

Num repente me escapou! Falei e falei mesmo! Soltei com tanta coragem, tanta bravura numa deliciosa ma intenção que ela saiu zunindo, pronta pra causar estrago!

Elas vieram na hora certa, no momento exato em que precisava delas... Uma atrás da outra, palavra por palavra e la estava aquela frase prontinha pra sair voando pelo ar que nem pedra de atiradeira! Nem pensei muito, nem me dei muito ao trabalho de considerar se valia a pena ou não! Claro que valia! Sempre achei ruim isso de não falar as coisas na hora certa e na manha seguinte, longe do alvo, longe da oportunidade, lembrar daquela palavrinha ideal, certinha pra falar! Sempre tarde demais...

Dessa vez era diferente! La estava eu, frente a frente com ela, num daqueles embates de vontades cansadas no fim do dia, que se eu parasse pra pensar, nem deveria ter começado... Mas la estava eu, com a frase pronta, mirada bem pra cara dela, alvo travado, borracha esticadinha e pronta pra disparar.

Nem me lembro bem o que era, sobre o que versava toda a dureza que tinham minhas palavras. Não importava, estoquei pra minha defesa pra usar quando precisasse. De certo era algumas dessas coisas que a gente gosta de jogar na cara das pessoas que a gente gosta quando a gente não gosta do que elas fazem. Qualquer uma dessas lembranças perdoadas, mas que sempre são tão convenientes trazer de volta, resgatar do arsenal pra prejudicar, enlamear com o passado a guerra do presente...

Preparei, apontei, mirei a danada da frase bem na cara dela e soltei........... Era chumbo grosso! Coisa pra destruir mesmo... Imaginei granadas, pólvora, materiais combustíveis e a famigerada rosa de Hiroshima...Mas essa foi de estilingada mesmo. Zummm.... La foi ela, a frase pedregosa. Atingiu em cheio, pow!!!

Corajoso e radiante por ter tido peito de falar o que queria na hora que devia, quase sorri. Segurei. Sentia um exultante poder por julgar ter acertado o alvo em cheio!

De repente, tudo se fecha num silencio. Esperava chumbo grosso de volta. fiquei inerte, por alguns segundos e o silencio cada vez maior... Foi quando, olhando pra mim, uma lagriminha começa a aparecer no olho dela bem devagar. O silencio cada vez pior. Ela arregalou os olhos, chorou e não falou mais nada. Atingida, machucada, esboçou um sorrisinho sem graça, sem acao. Um olhar que não entendia o porque de uma pedra jogada com tanta forca...

Nunca mais esqueço aquele momento. Tenho saudade do tempo em que apenas pensava nas respostas na manha seguinte... Tenho saudade do tempo em que não dava asas a pedras...

segunda-feira, 9 de junho de 2008

...






















De tempos em tempo, tiramos os pes do chao pra descansar...

De tempos em tempos, sem muita pressa... Mesmo que o tempo seja pouco...

segunda-feira, 19 de maio de 2008

hay kay

Sem fel, sem dor, sem lágrimas secretas,
não existem boémios nem poetas.

Volto a ser o que era...


Cansei de ser príncipe... Isso mesmo, cansei de toda a pose, todo o trabalho e claro, já não aguento mais aquela roupa horrorosa!


Me entreguei ao gosto de mostrar-me feio. Sou assim, falho, cheio de defeitos, imperfeicoes, contradicoes e malvadezas. Meu humor varia de um lado pro outro, ensimesmado num atoleiro de chatices ou as vezes alegre entrado no exagero.


Cansei daquela roupa, dos compromissos de ser príncipe e o peso da agenda de majestade. Desonestidade danada com minhas vontades rasteiras de pequenos desejos de sapo! Arrastar a barriga no chão, dormir tarde a busca de comida e claro, cantar num tom que me agrada... Assim me tornei mais feio, porem, mais honesto. Me voltei sapo.


Hoje sou um sapo, um verdadeiro batráquio, sem disfarces! Sou bem intencionado, disposto a respeitar, fazer feliz, ser leal e companheiro, mas sou sapo! Sou o que sou!


Meus disfarces emprestei a amigos do brejo, mal intencionados que queriam impressionar garotas. Meu cavalo, livre da brida e do trote, não se cabe de felicidade ao se ver dispensado das obrigacoes do trabalho de ostentação e brancura! Espoja no chão e suja-se no barro com gosto de mudar de cor!


Minha anfíbia vida, e verruguenta aparência, causa susto e já não atrai olhares e nem suspiros apaixonados... Que bom! Dei-me espaço de ser o que sou e posso enfim, mostrar-me real... Preencher expectativas pode ser muito exaustivo as vezes...


Vivo agora, batráquio romântico, cantando junto a um pezinho de junco durante a noite, cancoezinhas de amor, que sempre desejei entoar no tom de minha voz...




quarta-feira, 14 de maio de 2008

Goteira


Nao deu para evitar. Passaram-se os dias, esticaram-se em anos sem que me desse conta.

Foi quando num dia desses, dia qualquer, uma gotinha de saudade e nostalgia caiu no meio da minha testa. Fez-se uma pausa, tempinho a toa, ainda inconclusa a origem da primeira gota quando caiu a segunda...

Eram gotas pesadas, que soltas, caiam livres, inteiras e definidas.

Agua nao envelhece. As gotas apenas esperam tempos sem conta para se tornarem o que sao. Ficam todas ali, juntinhas, represadas... Mas cada gota sabe de que chuva veio. Cada uma sabe a hora de pingar.

Pingavam gota a gota, uma por uma, cada qual diferente da outras. Cada uma vindo em seu momento, molhando lembrancas, remorsos, alegrias, saudades...
Havia ate gotas que nao cairam, excluidas por aguas ausentes... Os espacos entre uma gota e outra, essa espera vazia, sem lembranca, e' culpa de guarda chuvas e medo de molhar. Falta d`agua, estiagem.
A cada gota caida na testa, na boca e no nariz, dava por mim que ainda havia muita agua acumulada. Uma enorme infltracao que se escondeu na pintura do teto por esses anos todos.

Meu teto corria perigo e as gotinhas ditavam o tempo.

Palavra foi Feita pra Dizer

“ Palavra não foi feita pra enfeitar, brilhar; a palavra foi feita pra dizer”… Lido isso, nas costas de um livro de Graciliano Ramos, resignou-se e decidiu escrever com a veracidade que emprestava aos pensamentos mais honestos! Tinha trazido consigo o coração grosso de muitos dias sem achar paz. Achava que aquela angustia toda ia ajudar em alguma coisa. Na verdade não ajudava em nada. Sentia-se pesado, lento e sem força pra muito fazer. Começou a forjar começos de frases, emprestar sentido a fios de idéias que retalhava uma nas outras, tentando dar volume ao sentido que ainda não achara. Começou.

Atirou-se sem nenhuma nesga de idéia na tarefa ingrata de fazer-se claro. Faltavam-lhe aventuras, talvez. Atrapalhava-se sempre nas invenções. Tinha imaginação fraca e não sabia mentir. Pelas criações com que pretendia justificar-se, logo o desenho de alguma palavra melhor se formava logo adiante, e isso o desgostava. Arrumaria uma história, não tinha dúvida disso. Ela viria... Sem obediência, sem disciplina, na hora que quisesse, com vontade propria, mas viria. Era só esperar.

Ergueu-se, ocultando um desapontamento incômodo. Via-se grande, antes mesmo de conseguir achar a palavra certa. Palavra pra dizer se tivesse que dizer, até mesmo pra enfeitar, se num repente, se inventasse de enfeitar. Palavra que fizesse sentido a sua grandeza imaginária. Antes mesmo daquilo tudo, do suor do ofício, da purgação do treino, da prática... Sentiu-se um fanfarrão, um impostor. Caixeiro viajante que chegava contando aventuras que nunca viveu. Não sofria da melancolia oceânica dos poetas que inventavam saudades. Não conhecia desassossego e consternações imemoriais... Não padecia de males financeiros que lhe privassem a saúde, alimentação, nada.

Precisava, no entanto ser verdadeiro no que dizia. Ser convincente em suas angústias ausentes. Tentou recorrer a beletrismos da língua, que lhe trouxeram grande embaraço logo no início. Nem palavras rebuscadas conhecia a contento! E de mais a mais, “ palavra não foi feita pra enfeitar, brilhar, palavra foi feita pra dizer”...

Sentou-se, inventando uma disciplina que não possuia. Entregou-se ao começo de sua busca. “Palavra foi feita pra dizer...” Nada lhe ocorria. Nenhuma palavra lhe dizia nada.

Sempre fora fascinado pelas primeiras frases de livros. Chaves que abriam todo o conteúdo de aventuras, sentimentos, sofrimentos, redenções...Frases que traziam todas as outras. Lembrou-se de frases de livros que gostava, falou-as em voz alta; “Num lugar da Mancha, cujo nome não quero lembrar”... Me chamem Ismael”... Pensou num monte delas. Se achasse uma frase que lhe trouxesse todas as outras palavras, viriam como um estouro de bois! Correriam ansiosas em direção ao sentido, pedindo pra serem usadas, pedindo pra serem enfileiradas umas atras das outras, pedindo pra dizer! “Palavra foi feita pra dizer”...

Chegou-lhe o sono. O amanhã, dia sem romantismos, que não perdoa horas gastas em busca de palavras a se dizer. O dia foi feito pra viver, e “palavra foi feita pra dizer”...
Deitou-se, sem graça, sonolento, derrotado, esperançoso. “Palavra foi feita pra dizer”... Ela viria... Sem obediência, sem disciplina, na hora que quisesse, com vontade propria, mas viria. Era só esperar... Um dia, no interno das coragens, viria a palavra...Dormiu.

terça-feira, 13 de maio de 2008

coisas...

As vezes as coisas coincidem com a ideia que fazemos delas; as vezes não. Quase sempre não, mas ai o tempo passou, e então nos ocupamos de coisas novas, que se encaixam em outras famílias de ideias.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Amor de Mae


Amor de mãe e um negocio esquisito, assustador, incompreensível e quando da pra ser bom, tão gostoso...


Amor de mãe se manifesta antes da gente nascer. O mais esquisito ainda e que a gente nasce pequeno e amor de mãe nasce grande... Vai entender...


Mãe de fato não regula bem... Ama sem medida, se machuca no coração por toda a vida pelas quedas, burradas e dores do filho..E se perguntar, diz que adora isso tudo...


Mãe vive varias vidas, e ainda acha tempo pra ser bonita, cheirosa e charmosa... Mãe tem o maior poder abaixo de Deus, o de moldar vidas...
M.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

...



Uma das coisas mais bonitas que vi... Um ninho de maritaca dentro do poste de uma cerca. La estavam papai e mamãe maritacas, estressados com todos os que passavam pela estrada... No que olhei pelo buraco, três ovinhos. A Natureza nos da presentes inesperados, as vezes...

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Inicio...

Anda com pressa ou dilata um tico pra uma palavrinha? Sem pretensoes, sem vontades maiores. Um dedinho de prosa, diario de dias vazios, aventuras inventadas, emprestadas, noites sem sono. Nada especial... Mas seja assim, bem vindo!