terça-feira, 28 de outubro de 2008

Terca...


Há dias que começam de um jeito estranho... Sustento minha tese fechando os olhos e abrindo de novo, tentando zerar o despertar esquisito... Sem sucesso. Vamos la, vamos encarar o dia, estranho ou não.


Afinal, de dias estranhos o mundo anda cheio. E o mundo, cada vez mais rápido, mais estranho e mais cheio mesmo. Cheio ate demais, por sinal.


Acordo com uma musica indiana tocando em alto e bom som; presente proporcionado por minha vizinha de cima. Fico em duvida se sou muito ocidentalizado, se a repetição interminavel de "oooommmmm" numa musica irrita mesmo ou se uma musica que se propõe a relaxar tocada no volume de trio eletrico se torna de fato uma tortura! Vai saber... Trocaria uma aula de Yoga por uma de boxe sem pestanejar. E isso ainda sonolento, semi-acordado.


Me proponho a observar pequenas coisas ao longo do dia. Pequenos milagres, pequenas bondades. Procuro noticias boas, não acho. Não desisto. Vou ao encalço de noticias engraçadas... Tudo sem graça. Me invento no gosto de ficar especulando ideias a toa. Lembranças boas servem bem. Enquanto preparo uma banana com aveia e mel elas surgem aos poucos, tímidas, uma por uma, lembrancinhas fornecidas de saudade e beleza. Começo a lembrar de coisas antes delas acontecerem. São vontades, expectativas e planos se embrenhando no pensamento.. A banana ta pronta. Aveia, huuummmm... Adoro! No irremediável extenso da vida, a aveia cumpre um importante papel.


Começo a comer lentamente, preenchendo ao máximo a folga do café da manha, meio sem coragem pra sair dali. Copinho de leite, pãozinho... canequinha de café pra fingir que desperto... Diminutivos em profusão. Café da manha tomado e a musica que minha vizinha me oferece no momento é francesa... Carla Bruni, a primeira dama da Franca, sussurrando a plenos pulmões no aparelho de som da minha vizinha... Sussurrando porque ela canta assim, e a plenos pulmões porque minha vizinha, bom, minha vizinha assim o quer!


Toda saudade e um tipo de velhice. Acabo de me sentir velho. Centenário. Minhas saudades vão desde o fim de semana que passei com minha namorada linda, ate eu pequeno, criança, viajando com meus pais de ferias. Sempre que a nostalgia me bate, me lembro de ferias. "Vagabundo!" penso...


Meus gostares vão se espalhando, subindo forte na lembrança, tomando tempo, forma e se misturando com minhas preguiças mal corrigidas... O tempo passa rápido de manha.


Tomei banho, estou vestido e me encontro com a mão na chave da porta. Vou sair pro dia. Oracaozinha pedindo protecao, suspirozinho metade alivio por me livrar da Carla Bruni, metade por... Sei la, muita coisa sentida falta nome.


Abro a porta, é outro dia e principia o peso da vida.

Um comentário:

Daniela Ferreira disse...

Podíamos misturar nossos "inícios de dia"!! Abrir os olhos e lembrar das duas horas perdidas para chegar à Curucica, as horas em contagem regressiva para voltar para casa e as outras duas horas perdidas para chegar desanimam a vida de qualquer um!!
A gente se merece! hehehehe!!
BOM DIA!