quarta-feira, 14 de maio de 2008

Goteira


Nao deu para evitar. Passaram-se os dias, esticaram-se em anos sem que me desse conta.

Foi quando num dia desses, dia qualquer, uma gotinha de saudade e nostalgia caiu no meio da minha testa. Fez-se uma pausa, tempinho a toa, ainda inconclusa a origem da primeira gota quando caiu a segunda...

Eram gotas pesadas, que soltas, caiam livres, inteiras e definidas.

Agua nao envelhece. As gotas apenas esperam tempos sem conta para se tornarem o que sao. Ficam todas ali, juntinhas, represadas... Mas cada gota sabe de que chuva veio. Cada uma sabe a hora de pingar.

Pingavam gota a gota, uma por uma, cada qual diferente da outras. Cada uma vindo em seu momento, molhando lembrancas, remorsos, alegrias, saudades...
Havia ate gotas que nao cairam, excluidas por aguas ausentes... Os espacos entre uma gota e outra, essa espera vazia, sem lembranca, e' culpa de guarda chuvas e medo de molhar. Falta d`agua, estiagem.
A cada gota caida na testa, na boca e no nariz, dava por mim que ainda havia muita agua acumulada. Uma enorme infltracao que se escondeu na pintura do teto por esses anos todos.

Meu teto corria perigo e as gotinhas ditavam o tempo.

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