segunda-feira, 19 de maio de 2008

Volto a ser o que era...


Cansei de ser príncipe... Isso mesmo, cansei de toda a pose, todo o trabalho e claro, já não aguento mais aquela roupa horrorosa!


Me entreguei ao gosto de mostrar-me feio. Sou assim, falho, cheio de defeitos, imperfeicoes, contradicoes e malvadezas. Meu humor varia de um lado pro outro, ensimesmado num atoleiro de chatices ou as vezes alegre entrado no exagero.


Cansei daquela roupa, dos compromissos de ser príncipe e o peso da agenda de majestade. Desonestidade danada com minhas vontades rasteiras de pequenos desejos de sapo! Arrastar a barriga no chão, dormir tarde a busca de comida e claro, cantar num tom que me agrada... Assim me tornei mais feio, porem, mais honesto. Me voltei sapo.


Hoje sou um sapo, um verdadeiro batráquio, sem disfarces! Sou bem intencionado, disposto a respeitar, fazer feliz, ser leal e companheiro, mas sou sapo! Sou o que sou!


Meus disfarces emprestei a amigos do brejo, mal intencionados que queriam impressionar garotas. Meu cavalo, livre da brida e do trote, não se cabe de felicidade ao se ver dispensado das obrigacoes do trabalho de ostentação e brancura! Espoja no chão e suja-se no barro com gosto de mudar de cor!


Minha anfíbia vida, e verruguenta aparência, causa susto e já não atrai olhares e nem suspiros apaixonados... Que bom! Dei-me espaço de ser o que sou e posso enfim, mostrar-me real... Preencher expectativas pode ser muito exaustivo as vezes...


Vivo agora, batráquio romântico, cantando junto a um pezinho de junco durante a noite, cancoezinhas de amor, que sempre desejei entoar no tom de minha voz...




3 comentários:

Cris disse...

que libertador isso...
parabéns!
acho q é por aí mesmo.
um beijo

Unknown disse...

O pior é saber q a maioria das expectativas fomos nós mesmo que colocamos como necessárias... preciso urgente me libertar de mim...

Muito bom, Xará!

beijos

Toki® disse...

Inspirador, ainda que quase utópico para a maioria dos mortais, quando quase todos precisamos de manter nossas "cortes", sejam súditas, amigas ou inimigas, à nossa mão...