Uma dessas situações estranhas da vida: no meio de uma tarde qualquer, no trabalho, você é surpreendido pela noticia que seu colega de trabalho descobriu seu blog. E está lendo-o.
Você morre de vergonha. E não se pode fazer nada contra isso, já que a rede está em todo lugar, e é pra todo mundo. No máximo tenta contextualizar o objeto virtual, garantir a ele algum sentido, um espaço no mundo, uma ordem, uma epígrafe, uma linha-do-tempo, um testemonial. Um rastro, pegadas.... Socorro!!!
- Meu outro blog era mais interessante (eu e a minha velha tendência à auto-depreciação)…
- Ahn.
- … era mais constrangedor (como se isso importasse)…
- Ahn…
- …aí um dia acabei com ele (e é uma historinha entediante)…
- É?
- …e este novo é só um esboço para alguma outra coisa que não sei qual (como se houvesse outra coisa)…
- Hmm.
- Mas não sou eu, é um personagem! (o tiro de misericórdia)
- Ainda não li tudo... Preciso ler mais um pouco pra ter uma opinião.
Aí torço por uma versão atrasada do bug do milênio. E para que a crise das bolsas de valores afetasse finalmente a rede mundial. E me lembrei do quanto nunca quis ser a Paris Hilton. Nem ninguém famoso. Nem ninguém minimamente conhecido. Se o Chico Buarque tocar a campainha aqui de casa, faço de conta que não estou.
Mas, felizmente, blog é aquela coisa: há sempre o caso do leitor que detesta, toma raiva, fica enfezado e nunca mais volta. Nos meus surtos de blogfobia, vivo me apegando a essa possibilidade.
2 comentários:
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1 - você escreve muito bem e acredito ser desnecessário eu dizer isso.
2 - caso seu colega não goste, acredite: faltou sensibilidade.
3 - como assim você não atenderia o chico buarque... fico bege!
Mentira! Atenderia o Chico Buarque sim. Tenho uma pergunta ou duas pra fazer pra ele...
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