quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Daqui a Um Ano...


Daqui a um ano tudo bem...

Sei que tudo estará melhor.


Um ano passa rápido.


O que demora a passar é um minuto.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Inglorious Basterds


Sessões de filme do Tarantino, pra mim, continuam sendo um tipo extraordinário de evento. Acordo, faço a barba, uso o perfume. Não chego a tentar a camisa social, mas escolho uma camiseta legal. Me preparo com ansiedade.

São felizes as lembranças de cada uma das sessões (a exceção de Cães de aluguel e Prova de Morte que vi só em DVD).


Pulp fiction: Estudante do internato, peguei saída pra Campinas, fui me aventurar num titulo que não sabia do que se tratava... Não conhecia Tarantino, não sabia nada daquele cartaz com a Uma Thurman. Achei legal, entrei. Fiquei Impressionado com aquilo tudo se encaixando, aquelas cenas me dizendo que um filme pode se apresentar de uma forma muito diferente do que tinha visto naqueles meus 17 anos. Por fim, decorei todos os diálogos e o assisto sempre que posso...


Jackie Brown: Um período meio nebuloso da minha vida. Duvidas, confrontacoes com mudanças inesperadas... Havia muito não ia ao cinema e estava muito desligado. Vi que era Tarantino e corri pra encontrar um Pulp Fiction na segunda versão... Não encontrei mas gostei. Continuei com o período nebuloso e demorei pra voltar ao cinema.

Kill Bill, vol. 1: quase um homem feito. Fui numa dessas sessões na parte da manha. Matei aula na faculdade, assisti com ansiedade de ter lido muito a respeito, esperado muito e só não assisti a outra sessão porque já trabalhava e não podia perder o emprego. Dois dias depois voltei ao cinema.... E depois e depois... Revi três vezes já memorizando algumas cenas. Isso no cinema... Mas entendi que algumas daquelas cenas eram eternas (a chegada da Noiva em Tóquio, sob um cenário que parece feito de cartolina e celofane, Aquele monjolinho na ultima luta, placidamente despejando agua....).


Kill Bill, vol 2: Fui ver com amigos que gostavam de filmes na linha Steve Martin e afins... Enfim, peitei o programa e disse que ninguém ia se arrepender de ver um Tarantino...Fiquei tão extasiado que não me importei com opiniões, nada... Sai do filme numa espécie de transe, admiração por ver aqueles diálogos todos, aquelas cenas belíssimas aos olhos e surpreendentes em suas sequências... Só comecei a entender do que se tratava depois, bem depois.... Um filme de amor. Fora o texto do Super-Homem, que não esqueço e sinto uma frustração por ter passado a vida sem ter pensado nisso... E genial!
(Chego a acreditar que, para mim, os filmes de Tarantino funcionam mais ou menos como pontos de referência. Quando os revejo (e as vezes revejo trechos), é como se eu retornasse imediatamente a um ponto específico da minha vida. Não há como evitar.)

E agora estamos aqui novamente. Escolhi um feriado, sem pressa pra chegar, sem hora pra depois do filme... Continuo usando perfume e me arrumando um pouquinho melhor. Caprichei na camiseta e fui.

Bastardos inglórios. Belo filme.


Numa análise muito superficial da coisa, noto que a trajetória de Tarantino conta a história de um cinéfilo – talvez desde sempre – que aos poucos aprendeu a dominar a linguagem do cinema e tomá-la para si. Os filmes mais recentes mostram uma segurança no tratamento das imagens que não existia, por exemplo, em Pulp fiction. Ainda assim, existe uma característica que se repete em todos os filmes: um desejo intenso por cinema. Isso é palpável. Esteve sempre lá.


E está neste novo filme. Tarantino vai à briga como quem tenta criar uma obra-prima (e um dos personagens chega a dizer algo do gênero; “acho que fiz minha obra-prima”), com uma determinação quixotesca. E demonstra tanto controle – da técnica, do próprio estilo, das opções formais que escolhe para si – que fica a impressão de uma obra perfeita, até meio fria (como são frios e perfeitos alguns filmes do Stanley Kubrick), quase sem arestas, construída milimetricamente (o roteiro ficou amadurecendo por uma década, e dá para perceber). Uma simetria perfeita.

Para quem acompanha o diretor há tanto tempo, mais impressionante será notar como ele vai apurando a química dos filmes anteriores enquanto se desafia a seguir experimentando. A estrutura do longa lembra um pouco a de Sangue negro, já que é toda calculada com sequências longas, aqueles diálogos impagáveis que começam tolos e terminam trágicos – tudo encenado com uma rigidez, uma dureza um tanto teatral. E, impossível deixar escapar, é no mínimo muito ousado como Tarantino usa a gramática quase surrealista de um “mundo de cinema” para interpretar um dos episódios mais conhecidos, debatidos, filmados do século 20: a Segunda Guerra Mundial.

É um filme de vingança, como era Kill Bill. Mas, aqui, a vingança é gatilho de uma catarse maior, de um acerto de contas histórico. Tarantino reescreve os livros didáticos não apenas como diversão inconseqüente, mas como uma forma de fazer justiça. O cinema salva o mundo. O cinema reescreve a história. Há algo de poético nisso. E é por isso que, lá perto do desfecho, este filme muito duro vira mais um típico Tarantino: um filme de cinema.


Nada de novo nisto: ele se reinventa para reafirmar uma antiga fé. Só que, agora, de uma forma tranquila, sem tanta aflição. Entendo. E continuo a tratar essa história como se fosse um pouco minha... Afinal, já se foram alguns anos e também resolvi encarar certos amadurecimentos.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Origens da Filosofia... E o real castigo dos Deuses


Os deuses jamais desculparam totalmente os homens do crime de Prometeu. O filho de Jápeto, ao roubar o fogo sagrado do Olimpo, deu-nos o que se costuma chamar de nosso maior tesouro: a razão.


Ninguém percebe com clareza a terrível vingança de Atena, que furiosa e não satisfeita em enviar Pandora aos homens, tramou ainda algo infinitamente mais cruel. A deusa de glaucos olhos, que era no fundo bastante ressentida por não dispor da beleza de Afrodite e se ver condenada a só ser notada pela sua inteligência e nunca por sua beleza feminina, despejou sobre a humanidade, aproveitando o ensejo oferecido pelo roubo de Prometeu, seu mais profundo ódio contra sua condição de mulher mal-amada.


Que o fogo roubado incendiasse os homens incessantemente; e eis o requinte do sadismo feminino: que idiotizado, o homem ainda se julgasse especial e enchesse o peito de orgulho da sua condição de churrasco dos deuses.


E no dia seguinte, ao despertar de um sono agitado, um velho sábio afirmou: "tudo é água!". O castigo dos deuses fora entregue. Assim nasceu a Filosofia

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

herói






Tenho um personagem que tento enfiar numa aventura. Coloca-lo numa peça de teatro, num conto, numa aventura qualquer, mas ele nunca consegue chegar ao segundo ato, atravessar primeira pagina ou se empolgar com aventura alguma. Quinze minutos de espetáculo e o herói está morto. Meia pagina do conto e o protagonista já arranjou uma maneira de desaparecer... A aventura? Bom, continua ele sentado, sem a mínima empolgacao. Meu herói escreve uma carta para a namorada, organiza os talheres na mesa, alimenta o cachorro, faz uma refeição cara e, no clímax da trama, desaparece, e atropelado, toma veneno. Meu herói morre como quem pede um sanduíche que nem gosta tanto.



O herói suicida parece até que não suporta viver dentro daquela peça, daquele texto, daqueles diálogos, daquele espetáculo enfadonho e vago, com situações que não dão em lugar nenhum. Começo a pensar no plot e dou uma risada. Gosto dele – desse herói meio torto, meio tolo, que resolve saltar da trama antes que a trama termine com ele.



Meu herói anda estranho. Talvez já cansado do oficio de me impressionar, me encantar com suas peripécias, anda meio acabrunhado, meio parado. Sem vontade de participar dos textos, sem muito trabalho no dia a dia que o apaga, meu herói acaba ficando meio gordo, meio molenga, meio sedentário. Dia desses começou a questionar meu futuro, questionar nosso relacionamento de anos, de tantas certezas e seguranças. Meu herói as vezes me convoca pra uma injecao de realidade. Meu parceiro infalível anda querendo discutir nossa relação de tantos anos.



Esse personagem que insiste em querer me deixar sozinho diante das incertezas do futuro, teima em querer sair também da minha vida. Já deu pra ele. Agora sou adulto, um herói assim não cabe no que se tornou minha criatividade, que agora e usada pra saber fazer melhor uso das minhas parcas economias, pensar numa melhor forma de aproveitamento de tempo no trabalho... Minha criatividade deixou pouco espaço para meu personagem e ele insiste em abandonar as aventuras que sobraram.



: )


domingo, 30 de agosto de 2009

segunda-feira, 6 de julho de 2009

momentos.




Existem momentos que as vezes, no embolar da vida, a gente acaba por sentir saudade...

sábado, 4 de julho de 2009

Google...

Dia desses, perdi minhas ideias...

Dia desses, estava sem imaginação...



O Google esta ai pra isso.


quarta-feira, 1 de julho de 2009

Michael....



Não nos conhecemos pessoalmente. Vivemos em mundos completamente diferentes. Nunca nesses caminhos da vida, por vias normais, nos encontraríamos. Acontece que mesmo assim, acabei conhecendo muito da sua vida. Por vias tortas, sendo verdade ou não, sendo bom ou ruim, seu nome sempre aparecia.

Não vou considerar o quanto deve ter sido difícil ser popstar desde criança, ter sofrido as pressões do seu pai, ter rompido com esse homem despótico, cruel e ganancioso que exercia a autoridade na base da pressão. Tudo isso foi falado, tudo isso foi explorado. Você soube, em todos os âmbitos, superar dificuldades, distrair atencoes e trazer o foco pro que realmente importava por longo tempo. Você gravou o disco de maior sucesso da historia da musica pop, ditou moda, comportamento e indicou referencias! Cara, você virou um jogo de vídeo game!!!!

Seu talento talvez sempre tenha sido seu grande fardo. Afinal, não e fácil revolucionar a musica pop numa época em que o mundo era bem maior, se movia mais lentamente e tudo era mais longe. Sua audácia em misturar os elementos musicais de varias tribos e linguagens... Sua forca em fundir a dança na mente das pessoas, imprimir trejeitos nas dancinhas das festinhas, nos recreios da escola... Fomos eu e meus contemporaneos, encantados pelas faixas de Thriller. Depois veio Bad, e na adolescencia, você nos brinda com Dangerous. Era muito fácil gostar de um artista como você. Uma unanimidade entre todos, os roqueiros, os dançarinos, as meninas, os meninos...

Assim foi você, jogando isso na cara da industria de discos e do mundo pop. Mas que cara? Que cara tem o mundo pop, Michael? Que mundo irreal é esse, que industria é essa que se deforma nessa velocidade galopante, consome nessa fúria titanica e que se vira com raiva, sem querer saber o que aconteceu com seu rosto? Quem mudou mais rapidamente? Sua cara, sua musica, a sanha da fofoca? Como se consome uma industria que vive de tragar suas vitimas, vive de ser algoz de seus heróis?

Suas super producoes em clipes e shows, sua musica inacreditável, sua presença no topo do que se faz de melhor na musica foi ficando comum, cara... Foi-se precisando de mais, mais, mais....

Ai vai você, aparecendo em outras noticias...Sendo verdade ou não... Alias, não importava se era verdade ou não. Pra que saber se era verdade ou não. O que importa? Foi você, rolando de lá pra cá, com aparicoes estranhas, fotos mal tiradas, cenas corridas de cameras suspendidas acima das cabeças da multidão... Você foi ficando fora de foco, Michael! Nas fotos, nas imagens, fora de foco! E não há como manter o foco na musica, na alegria da dança, sendo triste.

Deu certo, Michael! Seu plano deu certo... Antes de se consumir e ser consumido em mais uma hercúlea aventura com resultados duvidosos, uma turne arriscada, você resolveu sair de cena. Fez muito bem. Ia ser desgastante. A critica ia ser muito cruel com um artista como você, que elevou a musica a patamares nunca antes imagináveis... Um cara como você que transformou o pop em coisa grande, trabalho serio... Ia ser muito difícil... Principalmente por causa dos últimos escândalos. Tribunais, tablóides, fofocas e tudo mais... A musica ia ficar em segundo plano, a dança ia ficar obscurecida pelos tropecos da vida real... Ai, meu chapa, eu sei que você não ia admitir. Sua vinganca, seu ataque foi preciso! Uma vez que voce nao tinha mais controle, ia sendo cada vez mais canibalizado, voce tirou o que todos mais queriam... Voce privou a todos de voce proprio! Nao tinha mais volta. Nao adiantava ir pro Oriente, mudar de casa, andar de mascara... Era preciso um golpe fatal.

Não acredito em vida depois da morte, pra mim, quem morreu morreu e de nada sabe. Não acredito que você esteja no céu, em algum lugar de luz ou qualquer coisas desse tipo. Escrevo essa pequena cartinha apenas pelo caso de você ter feito como Elvis, que no momento oportuno, sumiu de cena e de tão bom que era, corre o boato de que não morreu...
PS. Se você fizesse ideia de como o circo esta pegando fogo desde sua morte...

sábado, 20 de junho de 2009

Alta Noite


Alta noite mais uma vez se vai
e continuo minha luta sem alento
tentando encontrar baladas
me esmerando em furtar arroubos de canções



vigiando a chuva que cai
sofrendo com minha falta de talento
na maioria das madrugadas
sobra tempo demais depois das orações



daqui a pouco é mais um dia que sai
nova lida, nem me lamento
minhas olheiras escancaradas
colorindo todas as minhas ambições



um dia essa poesia sai
começando novo tormento
retomarei esperanças alquebradas
procurando palavras pra outras canções



segunda-feira, 11 de maio de 2009

Peço licença



Peço licença, mas hoje;





Sentei pra descansar como se fosse um príncipe


Comi feijão com arroz como se fosse o máximo


Bebi e solucei como se fosse máquina


Dancei e gargalhei como se fosse o próximo


E tropecei no céu como se ouvisse música....

sábado, 2 de maio de 2009

Gershwin

Na primavera de 1928, George Gershwin, o criador de Rhapsody in Blue, fez uma turnê pela Europa e encontrou-se com um dos principais compositores de então. Em Viena, visitou Alban Berg, cuja sanguinolenta, dissonante, sublime e sombria ópera Wozzeck estreara em Berlim havia três anos. Para dar boas vindas ao visitante americano, Berg programou a execução, por um quarteto de cordas, de sua suíte lírica, em que depurado, o lirismo vienense, se converte em perigoso narcótico.


Naquela ocasião, Gershiwn dirigiu-se ao piano para tocar uma de suas canções. Ele hesitou. A obra de Berg o deixara atordoado. Seriam suas próprias composiçoes dignas desse ambiente soturno e opulento? Berg lançou-lhe um olhar severo e disse: "Senhor Gershiwn, música é música".

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Notas Sobre Nutrição


   Estou ensaiando uma jornada grande dedicada a musica nesse blog. Um projeto de dificuldade infinita uma vez que sou um voraz consumidor de musica. Mas enquanto isso...

   Eu deveria me envergonhar da maneira como ouço musica. Não são raras as ocasiões em que me vejo almoçando num restaurante a quilo, colocando cancoes no meu prato sem nenhum critério alimentar, apenas obedecendo a fome dos olhos (ou ouvidos). Me pego devorando estilos diversos de musica como quem mistura uma salada e ainda rega todos os legumes com generosas doses daqueles molhos, rose, iogurte, limão... Acabo por devorar vários acordes e riffs na mesma garfada, ficando com a boca cheia e ainda muita vez mastigando menos do que deveria. Restaurantes de comida por quilo são assim; Quanto mais rápido melhor, há que se voltar pra lida diária, há que se tragar o alimento com rapidez... 

  Olhos gulosos não sabem misturar combinacoes nutritivas e acabam por proporcionar ao estômago uma verdadeira orgia alimentar! Quando o sobrecarregado orgao relaxa da digestão, está exausto de tanto esforço, enjoa quando pensa na próxima refeição, solta ruídos grotescos, um horror! Quando abandono a mesa, tomo ar, estico as pernas e se a maré alcalina não me pega de jeito, escrevo um texto enfastiado pra esse blog. 

  Felizmente, nem sempre acontece assim.  Há discos que permitem uma digestão mais leve e muitas cancoes são deliciosos aperitivos pra um paladar sobrecarregado. Resolvo portanto, com a convicção de quem vai começar uma dieta nova pela milhonesima vez, (na segunda feira começo, claro) propor a ingestão de musica saudável, própria a ouvidos exigentes, mas ao mesmo tempo abertos a novidades e experimentacoes que podem surpreender a paladares distraídos. Não importa se novidade, não importa se os acordes foram registrados há mais de meio século... Importa que a relevância "nutricional" da canção, do disco, do contexto, seja la qual for, nos faca abandonar a mesa com aquela deliciosa sensação de satisfação após uma deliciosa refeição. 

 Sem pedantismos, sem muita frescura porque há cancoes que caem no estômago como invencoes geniais de um chef preocupado em pesquisar, combinar ingredientes com cuidado e simplicidade... Nouvelle Cuisine!! Há também aqueles sabores que nos remetem a lembranças boas, momentos felizes, celebracoes a mesa... Comidinhas familiares!! 

  Em dias de downloads infinitos, pesquisas ininterruptas, acesso a artistas de todo lugar do globo, acabamos por ter que ser mais e mais seletivos com o que "comemos". Muita oferta, muita pesquisa, muita coisa pra se ingerir. Podemos com isso ter um banquete regado a iguarias das mais exóticas ou fazer uma gororoba indigesta e insossa. 


  Preparem a barriga! 

  

Meu Favorito!


No Brasil acontece uma coisa. Ou se aceita Guimarães Rosa com paixão ou se assume a atitude do “não entendo, não gosto”sem ter realmente penetrado a obra. Em primeiro lugar é preciso que se compreenda a “alma” dessa criação.

 

- João, como é que você, que fala com essa absurda simplicidade, usa todo aquele “rebuscamento” para criar um conto?

 

Você conhece os meus cadernos, não conhece? Quando eu saio montado num cavalo, por minha Minas Gerais, vou tomando nota de coisas. O caderno fica impregnado de sangue de boi, suor de cavalo, folha machucada. Cada pássaro que voa, cada espécie, tem vôo diferente. Quero descobrir o que caracteriza o vôo de cada pássaro, em cada momento. Não há nada igual neste mundo. Não quero palavra, mas coisa, movimento, vôo.




quinta-feira, 30 de abril de 2009

Blog na crise


Uma dessas situações estranhas da vida: no meio de uma tarde qualquer, no trabalho, você é surpreendido pela noticia que seu colega de trabalho descobriu seu blog. E está lendo-o.

Você morre de vergonha. E não se pode fazer nada contra isso, já que a rede está em todo lugar, e é pra todo mundo. No máximo tenta contextualizar o objeto virtual, garantir a ele algum sentido, um espaço no mundo, uma ordem, uma epígrafe, uma linha-do-tempo, um testemonial. Um rastro, pegadas.... Socorro!!!

- Meu outro blog era mais interessante (eu e a minha velha tendência à auto-depreciação)…

- Ahn.

- … era mais constrangedor (como se isso importasse)…

- Ahn…

- …aí um dia acabei com ele (e é uma historinha entediante)…

- É?

- …e este novo é só um esboço para alguma outra coisa que não sei qual (como se houvesse outra coisa)…

- Hmm.

- Mas não sou eu, é um personagem! (o tiro de misericórdia)

- Ainda não li tudo... Preciso ler mais um pouco pra ter uma opinião. 


Aí torço por uma versão atrasada do bug do milênio. E para que a crise das bolsas de valores afetasse finalmente a rede mundial. E me lembrei do quanto nunca quis ser a Paris Hilton. Nem ninguém famoso. Nem ninguém minimamente conhecido. Se o Chico Buarque tocar a campainha aqui de casa, faço de conta que não estou. 

Mas, felizmente, blog é aquela coisa: há sempre o caso do leitor que detesta, toma raiva, fica enfezado e nunca mais volta. Nos meus surtos de blogfobia, vivo me apegando a essa possibilidade.    

tomorrow...

Tudo que eu quero é escrever algo que não me decepcione na manhã seguinte.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Etapa da vida...


Existe uma etapa da vida em que simplesmente abandonamos tudo aquilo que não nos agrada?

Que aprendemos a passar à margem do que nos deixa insatisfeitos?

Que desistimos em definitivo das segundas chances?
Que ficamos apenas com o que e quem nos importa?

Vai sonhando....


Vai sonhando, sonha que passa...


vai esperando, acha jeito de ser forte


vai levando, acha bom e acha graça


porque como dizem aqueles sábios;


é muita bobagem pouca desgraça


mantém esse sorriso nos lábios


espera feliz a chegada da sorte/morte



quarta-feira, 15 de abril de 2009

O resto é ruído


Minha nova e desafiadora tarefa pra esse mês de abril, cheio de feriados, casamento do meu irmão, viagens atarefadas e dias cada vez mais curtos já foi lançado; O livro de O resto é ruído de Alex Ross. Critico musical da revista New Yorker.


Pois o senhor Ross se aventurou numa tarefa hercúlea e se deu muito bem! Resolveu contar a historia da musica erudita no século passado e de quebra, acabou contando a historia do século xx através de sua musica.
Ross vai trazendo todo o seu conhecimento musical solido e costurando com acontecimentos históricos, conjunturas sociais, politicas e culturais que de forma direta, indireta ou paralela, pautaram as rupturas, movimentos e inovacoes musicais principalmente na Europa e USA.


Sem preconceitos, o autor mostra a elitista e as vezes difícil vanguarda musical como algo próximo e presente. Mostra com riqueza de informação e com um estilo agradável de ler, como a musica acabou sendo incorporada por formas populares de cultura, como o cinema, e traçando um caminho ate nomes de peso como John Coltrane e bandas como Beatles e Velvet Underground.


O texto vem acompanhando os acontecimentos desde a efervecencia de Viena no começo do século, passando pelas duas grandes guerras mundiais e guerra fria, ate o saculejo cultural da década de 60 e 70. Entra no contexto em que viveram e desmistifica cabeças de compositores como Stravinski, Strauss, Schoenberg e o doido do Stockhausen, por exemplo. Apresenta de uma forma clara, contextualizada e interessante, propostas musicais como o minimalismo, dodecafonismo e serialismo, alem de rastrear de onde vieram e o que influenciaram posteriormente.


Alem de uma grande aula de historia da musica, o livro traz uma deliciosa aula de historia do século XX, com uma caprichada trilha sonora!
PS. Escrevo isso, ainda da metade do livro... Provavelmente minha recomendação se tornará mais enfática ainda quando der cabo das 670 paginas.

Choveu Hoje


Choveu hoje...


Destampou-se o céu e caiu agua.


Por causa dessas preguiças mal corrigidas, a gente sempre quer ficar em casa, olhar a chuva de dentro da proteção de um livro, uma xícara de chá e pés quentes.


Mas a agua veio sem clemencia e as poças foram se emendando, se apressando a correr pela rua.


Choveu agua por cima. E em dias assim, em cidades assim, por incrível que pareça, choveu agua por baixo!

sábado, 11 de abril de 2009

Paixão de Infância


Uma paixão de infância que até hoje me tira do sério.

Prosa X Poesia


Sou um grande fã de futebol. Pratico, assisto e tento, na medida do que cada dia mais se faz difícil, enxergar o lado poético e lúdico do esporte inglês que nós, brasileiros tomamos como nosso.

Confesso, no entanto que tenho certa preguiça de assistir lances de jogos antigos de futebol. Aqueles lances em preto e branco em que a bola parece ter velocidade diferente do normal. Os jogadores, todos cinzinhas, com uniformes que muitas vezes não se distinguem, correndo pra lá e pra cá, quando de repente; Gol!
Mas nisso não se mexe! São tempos áureos em que nossos primeiros heróis brilharam... Além do que, na memória da geração anterior a minha, que assistiu a todos esses lances ao vivo, tudo era colorido. Alias, muitas vezes há até mais cores nas memórias dos saudosistas do que realmente se pintou então. Fato é, que tudo tinha cor. Ou achamos nós, acostumados a ver cenas retratadas nas cameras em preto e branco, que na época, nossos pais iam ao Maracanã, Mineirão, Morumbi e viam os jogadores em preto e branco? Não! A vida com certeza tinha cor!

A cor que a vida tinha, com certeza era mais colorida que a de hoje. Não por saudosismo, mas era um acontecimento ir ao estádio, assistir jogos de futebol. Um tempo de torcer com mais coração, mais ingenuidade na arquibancada e no campo. Diferente de hoje que o futebol se apresenta como um grande negócio, uma grande vitrine em que tudo parece ensaiado e decorado! O politicamente correto se apoderou das entrevistas cada vez mais decoradas dos jogadores à beira do campo. Sempre a mesma ladainha, no mesmo tom de voz, com as mesmas palavras... Não tenho a mínima intenção de ficar reclamando, dizendo que as coisas viraram insosas, sem graça e que antes, a coisa era melhor e tal... O que queria, era sim, um pouco mais de graça, de vida, de ardência nos que defendem as cores de uma seleção de futebol.

No meio de toda essa paradeza, toda essa mornidão e toda essa apatia, acabo tendo dificuldade de censurar uma atitude como a de Zidane na final da copa de 2006 em que ao ouvir poucas e boas de Materazzi, volta-se pra ele e desfere uma cabeçada, sem nenhuma vontade de levar desaforo de volta pra França! Errado, sim. Mas pelo menos vimos um pouco de sangue quente, calor da disputa e ardência! Allez le Bleu!!! Cores!!!!

Nasci depois do preto e branco. A primeira copa que me lembro foi a de 1982, em que meu pai, animado com a ocasião, comprou uma televisão colorida pra assistirmos o torneio mundial! Desde então, lembro de tudo, em cores e sabores de derrotas e vitórias que nossa seleção nos ofereceu nesses anos todos.

O futebol pra mim é assim; me traz lembranças de conversas, reuniões e encontros felizes. Afinal, somos 4 homens em casa (Coitada da minha mãe). Tudo isso em cores e muita poesia. Aumentamos a intensidade das lembranças! As derrotas soam amargas e as vitórias, explosões de êxtase! Meu filho ouvirá as coisas assim, aumentadas pelas edições da minha memória romântica...

Píer Paolo Pasolini, após a final da Copa de 1970, escreveu um interessante artigo em que analisa o futebol como uma linguagem não-verbal em que jogadores cifram e torcedores decifram um mesmo código. Pasolini constrói uma série de analogias pra chegar a conclusão de que o futebol de poesia da seleção brasileira havia vencido a prosa estetizante da seleção italiana naquela final.

Pasolini argumenta que por motivos histórico-culturais o futebol de alguns países se aproxima da prosa e outros da poesia. O gol seria sempre um elemento poético, uma subversão aos padrões do código, perturbação da paz. Assim como o drible. O autor então lança a pergunta: Quem são os melhores dibladores do mundo e os melhores fazedores de gol??, a resposta que consegue já conhecemos: são os brasileiros, que, por isso podem ser classificados como fazedores de um futebol de poesia. O futebol de prosa se submete a um sistema, onde a organização coletiva do jogo e as regras de sua dinâmica seguem as regras do código de tal modo que se espera de um poeta realista o arremate final: o gol. Aí se formam elipses, se entram em espaços inventados e a escrita dos jogos entre prosa e poesia, se forma a cada 90 minutos de bola rolando.

Engraçadas essas fabulações! Resolvi especular sobre essa intuição pensando nas seleções recentes: Josué, Juan, Lúcio e Gilberto Silva seriam primordialmente prosadores ?! Elano e Juninho Pernambucano trariam uma poética sólida, ?de pedra? e com pendor épico. Robinho tenderia para os versos livres e Ronaldinho Gaúcho? Consenso talvez seja afirmar que Ronaldo seja primordialmente um poeta épico...lembrando de outros: Romário seria na grande área um mestre hai kai...e Pelé? E Garrincha?

Difícil saber...

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Yesterdays


O trio de Keith Jarret é, para mim, uma das escassas provas de que a incessante busca pela perfeição leva a algum lugar. Jarrett, Gary Peacock e Jack DeJohnette não têm, no entanto, nada de celestiais ou etéreos: são cem por cento terrenos. Lutam humanamente por uma qualidade cada vez melhor de sua musica. Encarnam os momentos em que o homem inventa universos, sistemas, complexidades e, sobretudo, a simplicidade.

“Yesterdays" saiu no começo de 2009 pela gravadora ECM, das raras gravadoras que ainda focam o catálogo em música francamente “impopular”, ou seja, que não enriquece exorbitantemente executivos e artistas e nem mede qualidade por números e vendas. Investe em musica de qualidade. A novidade é que, seguindo a tendência atual, pra quem gosta, o disco também é editado em vinil. Pra nos, que moramos no Brasil, nos resta importar ou contar com a sorte de achar numa busca em lojas que ainda resistem por ai...

Os nove standards do disco são gravações mais antigas. Estas particularmente estão guardadas desde abril de 2001, realizadas ao vivo em Tóquio, também o berço mais mais freqüente dos jazzistas atuais. Como uma iguaria ou um vinho, as safras de Jarrett são assim, ficam suspensas por um tempo antes de serem embaladas com a técnica perfeita de gravação e os encartes cheios de fotos e silêncios, sem texto.

A viagem de Jarrett pela grande canção americana não tem fim. Mas a cada vez toma um caminho, sempre surpreendente – de certa forma mais surpreendentes do que os espantosos solos, em que improvisa radicalmente, sem rede de protecao. Nesta gravação, o que chama mais atenção é o caminho mais bop, com Horace Silver (“Strollin’”) e Charlie Parker (“Scrapple from the apple” e “Shaw’nuff”) e uma versão de “A sleepin’ bee”. Ou ainda a mistura de invenção e jazz clássico de “Smoke get in your eyes”, com uma lindíssima introdução solo de um minuto e meio.

Como em todo lançamento do trio, “Yesterdays” só me faz pensar no que ainda deve estar guardado. O que não deixa de ser uma garantia de felicidade a prazo pelos anos que virão.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Sou vintage.


Esta decidido! A partir de agora, sou vintage! Não cedo a nenhum tipo de pressão por trocar meu aparelho de som, meu celular, minha forma de ver esse ou aquele assunto... Não me entrego a promocoes que me garantem estar atualizado com nada...

Nao vou comprar um Smartphone que baixa email, manda video, acessa o Youtube... Ate porque, me conheco e nao quero que minha conta chegue a Rs$ 500,00...

Vou aproveitar meus momentos com mais calma, com mais tempo. Antes que as janelas da vida se fechem todas de uma vez.

Comecemos assim; Qualquer ser humano normal que tem um celular de 2004, esta atrasado. Esse mesmo celular na minha mão, a partir de agora, fica vintage! E que sigam-me os trendies!!!

Um dia...

Um dia… Ah, um dia… Far-me-ei homem… Daqueles de outrora. Daqueles de casaca, chapéu, cerimônia e muita galhardia. Falarei de coisas bonitas, coisas de lágrimas, e peripécias. Contarei minhas aventuras e deixarei nesgas de minhas coragens pelo discurso para num descuido, ser surpreendido por um elogio, um suspiro que seja.

Um dia. Um dia escolhido por quem faz o tempo acontecer nas vontades de seus planos, colocarei um anel no dedo do meu amor, proverei casa, farei filho e chegarei feliz abrindo a porta, espalhando graça pelos cômodos.

Um dia, coisas simples voltarão a ser grandes. Serão mais uma vez aquelas nas quais mais achamos prazer.

Um dia, nesses deslocamentos do tempo, livrar-me-ei de uma porção de coisa desinteressante. Essa clássica coleção de coisas medíocres, canalhas e tolas, substancias de que é feita a humanidade em geral.

Preguiça



Trabalhoso ser triste.

Eu, preguiçoso , prefiro ficar feliz.

terça-feira, 17 de março de 2009

Agua pro Vinho...


Ficou estranho esse tal milagre;


aparece um pequenininho,


com gosto amargo de vinagre


e logo dizem ser a agua que virou vinho.

segunda-feira, 9 de março de 2009

No mover desses futuros...


Uma menina fornecida de tanta beleza que me inventei nesse gosto de apreciar tudo que é dela. E já faz tempo que por esse trilho sigo...No emendar desses passados, que se a gente aperta um pouco ate anjo esquece um monte de coisa, está toda lembrança que a gente precisa pra seguir adiante.


Sempre assim, pra que no mover desses futuros toda vez num fôlego novo, minhas coragens consigam atravessar pelo meio das tristezas e vençam as preguiças mal corrigidas pra poderem se fazer reais pelo trabalho das minhas vontades.Ai, no emendar dos dias, a gente cada vez mais afine os gostares. A gente cada dia mais encha nossas folgas com alegrias e seja assim por ser bom apenas. Porque muita coisa importante nesse mundo falta nome.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

One night Stand...


De umas nem lembro. Isso já ate tinha acontecido... Mas ela...


Apareceu sem aviso. Quieta, não pediu nada, mas demandava completas atencoes, como normalmente fazem as do seu genero... E tinha um olhar pra o qual nunca se diz não... Eu, reservado em primeiros contatos, logo me entreguei a seus encantos... Esperta, sentou-se no meu colo desinibida e me beijou sem muita cerimonia. Saiu, andou um pouco pra la e pra cá, tomou conta da minha casa... Voltou, me olhou... Era o centro das atencoes, era uma disputa pelo colo, brincadeiras e carinhos... Mas depois daquilo...


Veio comigo pra casa. Deitou-se em minha cama, comeu comigo, brincamos e depois de tudo, cansados, dormimos juntos...


Não sei o nome dela, sei que precisava de uma cama por aquela noite.


No outro dia, como já esperava, foi-se embora. Sem antes mostrar uma pontinha de tristeza pra me fazer mais triste... Foi-se embora. Passou comigo uma noite inesquecível. Deixou-me de lembrança sua coleirinha rosa... Dela não mais esqueço...


quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Silêncios...


Tenho obrigação moral de ser responsável por meus atos e também por minhas palavras. Mas mais ainda por meus silêncios , porque os silêncios também ascendem aos Céu. De modo que preciso ter muito cuidado com meus silêncios. Meus silêncios não são imaculados, é bom que fique claro. Porque todo o resto e prescindível. O silencio não.


Não podendo minhas vontades alcançar da palavra que se fizesse ouvida, quedou-se o silencio. E se fez silencio por mais um dia.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Hermanos


Fizeram chapeus de jornal, espadas de pau e la foram eles. Viveram aventuras, brincaram a vida inteira sorrindo e chorando juntos. Porque amigos de verdade fazem as coisas juntos!


Agradeco a Deus cada dia pela sorte de meus melhores amigos no mundo terem nascido na minha casa!